De Laughlin ao Grand Canyon…

O dia anterior fora tomado pela imensa expectativa que envolve todo começo de viagem. A razão da ansiedade agora era o Grand Canyon. Teríamos muito chão para rodar e a meteorologia indicava que a semana seria quente. Uma rápida parada em um posto local garantiu as próximas 200 milhas da jornada sem maiores preocupações com combustível.

A saída de Laughlin se deu através de uma ponte sobre o Rio Colorado (que banha a cidade) e separa o estado de Nevada do Arizona. Menos de trinta minutos após nossa partida paramos na pequena cidade de Oatman. A economia local baseia-se no turismo e na mineração. As estruturas e construções são as de um povoado do velho oeste. Casas feitas de madeira e já bastante envelhecidas evidenciam uma cidade centenária e que parou no tempo. O mais curioso é saber que os mineradores da cidade andam armados! Como nos tempos da corrida do ouro, eles escavam com picaretas e colocam “seus ganhos” em sacolas. O comércio local paga pelo bem recolhido e assim eles se sustentam.

Oatman

Uma atração à parte são os burros de carga nas ruas. Bastante pacíficos,  não representam uma ameaça a menos que você esteja com comida nas mãos. Nosso café da manhã foi no melhor estilo american biker. Isso significa comer em pé e nada quente. Recorrer aos pequenos restaurantes que se encontram na única rua de Oatman é uma solução para os mais exigentes com o desjejum matinal.

Proibido alimentar o filhote

Saímos de Oatman por uma estrada tortuosa e que exige muita atenção. A pista é estreita com pouco movimento. A H-D Electra Glide é uma moto como qualquer outra apesar dos 410 quilos mas, em curvas muito fechadas, é preciso ter cuidado. Minha maior dificuldade foi manobrá-la com os pés no chão. Tenho 1.75m e ela é alta para alguém baixo como eu. Também aprendi que se for parar com a roda dianteira virada as chances de ela inclinar para o lado e cair são consideráveis. O peso da moto é brutal! No segundo dia de viagem eu ainda estava me acostumando com a “gordinha”.

Saindo de Oatman

Menos de duas horas depois fomos surpreendidos por um pneu furado na moto de um dos membros do grupo. Segundo o guia e proprietário da Ride Free Motorcycles Tours, Wil, a Fat Boy tem a tendência de furar o pneu traseiro muito mais do que outras Harleys. A causa disso ele não soube explicar mas ele tem uma vasta experiência como mecânico e, embora a Fat Boy não seja o modelo mais vendido em Los Angeles, ele consertou mais pneus furados das Fat Boys do que qualquer outra moto . Vai saber!

Uma hora e meia depois voltamos à estrada. O pneu da moto não tinha câmara de ar então um remendo resolveu. A demora no conserto se deveu a um problema na bomba de ar portátil. A bateria estava descarregada e não era possível utilizá-la manualmente.

O verde da região vai mudando a medida que o Parque Nacional Grand Canyon se aproxima. As cores ficam mais vivas e o frio aumenta consideravelmente. Algumas montanhas distantes exibem picos com neve.

Por causa do contratempo chegamos lá no finalzinho do dia. Descrever a experiência da chegada no Grand Canyon exigiria um vocabulário vasto e elaborado, além de muito tempo. Nunca vi um monumento natural tão grande e tão bonito. Ficamos contemplando aquela vista maravilhosa enquanto o sol sumia no horizonte e a noite nos encobria lentamente.

Anoitecer no Grand Canyon (foto da RFMT)

5 comentários

Deixar mensagem para notassobremotos Cancelar resposta